Dirigido pela Escritura

Conta-se que um viajante, perdido em uma densa floresta, foi orientado por moradores a seguir sempre a direção da bússola que carregava consigo. Alguns, no entanto, diziam: “Não siga apenas o norte, aqui temos caminhos mais fáceis e curtos.” Outros acrescentavam: “Esqueça a bússola, confie na sua intuição.” O viajante, porém, decidiu permanecer fiel ao instrumento que apontava para o norte verdadeiro. Apesar das dificuldades, chegou em segurança ao destino.

No segundo livro das Crônicas, capítulo 18, versículos 12-27, encontra-se uma das mais impressionantes histórias de lealdade e confiança no Senhor em tempos complexos. Onde os modos de atuação politicamente corretos e espiritualidade pareciam andar de mãos dadas e passear pelos palácios de Israel nos dias do rei Acabe.

Micaías, um profeta fiel, sincero, valente, não se deixa intimidar pela pressão da maioria, e foi coerente com a pregação. O íntegro espiritualmente, não negocia a mensagem celestial. “O que meu Deus me disser, isso falarei” (v.13). Não se deixa enganar pela bajulação ou interesses humanos.

No texto, vendo que o rei nunca obedecia ao que Deus falava por intermédio dele, usou sarcasmo diante da pergunta do rei: (v.14) Micaías, iremos a Ramonete-Gileade, à peleja, ou deixarei de ir? Mas, quando a pergunta foi repetida, ele respondeu com completa sinceridade e autoridade. Não comprometeu a mensagem. Isso custou-lhe ficar preso e angustiado com escassez de pão e água.

Micaías soube lidar com os desafios e as pessoas do seu tempo, como um mensageiro que não cedeu à pressão de “falar como os outros”, com o rei Acabe falou a verdade mesmo que dura, com os detratores suportou castigo, prisão e zombaria sem perder a convicção.

A liderança de Micaías como profeta nos oferece poderosas lições para o século XXI onde parece que vivemos na época do “politicamente correto” e muitas vezes a verdade é marginalizada nos centros onde trabalhamos, nos ambientes onde convivemos e a manipulação vem à tona com forte ímpeto. Essa história nos lembra que o aplauso, não é a motivação do servo de Deus, e sucesso não se mede por ovação, mas pela fidelidade a Deus.

Ser cristão hoje exige coragem, aliás, em todo tempo na história de Israel e da Igreja foi preciso coragem para proclamar a verdade de Deus. O verdadeiro discípulo não é político, ele tem uma mensagem a ser proclamada com fidelidade às Escrituras. Também, a solidão é uma companheira fiel para aqueles que decidem se separar do mundo, nem sempre estaremos com a multidão, a maioria das vezes estaremos nos “Getsêmani” do cumprimento da visão celestial.

Permaneçamos fiéis ao instrumento (a Escritura) que aponta para o norte verdadeiro: a Eternidade.

Pelo Sem. Ronelx Aguilar Villavicencio