Foi a partir da doutrina da justificação que Martinho Lutero rompeu com a Igreja de seu tempo, e desse movimento nasceu o protestantismo. O que muitos chamaram de rebelião foi, na verdade, uma volta às Escrituras, um clamor para que a Igreja deixasse de seguir os conselhos dos homens e se submetesse novamente aos conselhos de Deus.
Lutero, considerado um infame pelos líderes religiosos e políticos de sua época, não buscava glória pessoal, mas apenas resgatar a verdade que liberta. A revolução não estava nas armas, mas na Palavra.
A doutrina da justificação tem sua base nas Escrituras, especialmente na carta do apóstolo Paulo aos Romanos. Destaco as palavras inspiradas de Romanos 8.31–35:
“Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?”
De forma simples e gloriosa, Paulo nos lembra que a salvação é obra exclusiva de Deus. Ele não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por nós, e é Ele mesmo quem nos justifica. Nada em nós poderia conquistar esse favor, é graça do início ao fim.
Cristo cumpriu perfeitamente toda a lei de Deus, obedeceu fielmente ao Pai e, em sua obediência, depositou sobre nós a sua justiça. A garantia da salvação e da justificação está segura nas mãos de Deus, e por isso, louvado seja o Seu nome!
No passado, muitos acreditavam poder comprar a salvação com riquezas e obras. Hoje, embora as moedas sejam outras, status, moralidade ou desempenho religioso, a ilusão é a mesma. Mas o texto nos recorda: Deus nos dá graciosamente todas as coisas. Se Ele te justificou, nada e ninguém pode te condenar.
Essa certeza deve produzir em nós não acomodação, mas transformação. Saber que fomos salvos e justificados por Deus nos conduz a viver de modo cada vez mais semelhante a Cristo, aquele cuja obediência nos libertou da condenação do pecado e do jugo dos homens.
Portanto, viva livre, livre para a glória de Deus, livre do pecado, livre da necessidade da aprovação humana e livre da morte espiritual. Viva com gratidão, descansando na justiça de Cristo e servindo com alegria Àquele que te salvou por pura graça.
Por: Licenciado Orlando Coutinho.



