Ao aproximar-se de um pássaro selvagem, sua reação natural será levantar voo e fugir diante de uma possível ameaça. Alguns, apenas ao ouvirem um som estranho, já tomam essa atitude instintiva.
É exatamente essa figura de linguagem que Davi utiliza no Salmo 11. Davi usa a figura de pássaro em busca de refúgio. No entanto, o salmista nos apresenta um contraste surpreendente. Diferente do instinto natural do pássaro, que procura abrigo em lugares altos, montes ou montanhas; ele afirma que é justamente lá que o inimigo está escondido, armado com arco e flechas, pronto para atacar.
Essa ilustração é marcante, porque, assim como os pássaros, nós também estamos sujeitos as emboscadas da vida. Sons, imagens e sinais nos alertam para perigos e ameaças, chamando-nos à vigilância. Mas o cerne do Salmo não está apenas em nossa necessidade de estar atentos, e sim em quem encontramos o verdadeiro refúgio.
É natural que sintamos medo e busquemos abrigo. O ponto decisivo, porém, está em onde buscamos esse refúgio. Muitas vezes nos escondemos em lugares ou em coisas que não nos protegem, mas apenas nos aprisionam: a distração interminável das telas, as horas diante da televisão, ou até mesmo o excesso de comida.
O salmista, porém, inicia o cântico com uma declaração de fé: “No Senhor me refugio” (Sl 11.1). E você? Qual tem sido o seu refúgio? Onde tem colocado suas preocupações? Onde tem derramado suas lágrimas? Onde está firmada a sua esperança?
Meu desejo é que esta reflexão conduza o seu pensamento para Deus, o único refúgio verdadeiro e seguro. Só em Sua presença encontramos abrigo e descanso.
O salmista conclui afirmando que “os retos contemplarão a sua face” (Sl 11.7). Em outras palavras, Deus cuida e protege aqueles que Nele confiam. Sua atenção está voltada para os que se refugiam em seu abrigo.
Assim, para que sua alma volte a se sentir segura e encontre descanso, como um pássaro em paz no ninho, busque refúgio no Deus da aliança, o grande “Eu Sou”, que detém todo o poder em Suas mãos e dirige a você o olhar de Seu cuidado constante.
Por: Licenciado Orlando Coutinho.
