Guarde Sua Pedra!

Texto base: João 8.1-11

Nestes dias, em Brasília, rolando meus dedos pelo Instagram vi um card de uma ovelhinha com uma pedra enorme nas mãos, e o título: “Guarde a sua pedra”. E claro, que a imagem e o título me levaram à história bíblica. Quando temos uma cosmovisão bíblica, imagens ganham vida e textos são associados aos princípios que governam nossas mentes.

Recriação do card da ovelhinha

Naqueles dias, em Jerusalém, a manhã começou tumultuada. “Pecadora! Adúltera!”, gritavam. O pó sobre os pés e o peso da vergonha sobre os ombros, a arrastava. Estava com medo, o pecado a prendeu. Levaram-na até o templo, onde um homem ensinava.

“Mestre”, disseram, “esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. A lei manda apedrejar. E o Senhor, o que diz?” Todavia houve silêncio, uma pausa! Ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. Depois se levantou e disse: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. Um a um, eles foram embora, e só Ele ficou ali com a mulher.
“Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?” “Ninguém, Senhor.” “Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” Aquele dia começou com pedras nas mãos dos homens e terminou com graça nas mãos de Deus.

Os escribas e fariseus não estavam preocupados com a santidade da mulher, mas em colocar Jesus à prova. Usaram uma pessoa como isca para seus planos religiosos. A religião sem amor faz isso: transforma pessoas em objetos para sustentar a aparência de justiça. Eles conheciam a Lei, mas não conheciam o coração de Deus. Eram juízes sem compaixão, cegos pelo orgulho e pela hipocrisia. A pior cegueira é a espiritual, quando sabemos os versículos, mas não conhecemos a graça.

Às vezes, também somos tentados a segurar pedras nas mãos. Palavras de crítica, de julgamento e ações de dureza. Em vez de estender a mão para curar e encorajar, levantamos o dedo para acusar. O pecado daquela mulher era visível, mas os pecados dos fariseus eram disfarçados. E os nossos também costumam ser assim, toleramos a crítica maldosa, a fofoca disfarçada de “preocupação”, o orgulho que ninamos. No entanto, o mesmo Deus que abomina o adultério abomina também a língua mentirosa, o coração altivo e o espírito de divisão (Pv 6.16-19).

O Catecismo Maior de Westminster, na resposta da pergunta 152, ensina que “cada pecado, até o menor, sendo contra a soberania, a bondade e a santidade de Deus… merece a sua ira e maldição… e não pode ser expiado senão pelo sangue de Cristo”. Essa verdade nos lembra que, antes de erguer a mão para condenar, precisamos olhar para dentro e reconhecer que também temos nossas próprias batalhas. A crítica que alimentamos, o distanciamento que mantemos, o legalismo que impomos aos outros são pedras que pesam tanto quanto o pecado daquela mulher.

Guarde a sua pedra! A igreja precisa ser o lugar onde o pecador encontra esperança, e não vergonha, onde a crítica orgulhosa dá lugar à intercessão e ao encorajamento, e o legalismo dá lugar ao amor que corrige com ternura. Quem foi perdoado por Jesus deve aprender a olhar para o outro com os olhos da cruz.

Naquele dia em Jerusalém, começou com acusação e terminou com salvação. A mulher foi liberta, e os acusadores foram confrontados. Nestes dias em sua cidade, pare e pense: quando você quiser lançar uma pedra, seja uma palavra dura, um olhar de desprezo ou um gesto de indiferença, lembre-se de que o único que tinha o direito de fazer isso escolheu morrer em seu lugar. A cruz é o altar onde Deus mandou guardar todas as pedras.

Guarde a sua pedra. Use suas mãos para amar como Cristo amou.

Sem. Ronelx Aguilar Villavicencio.