Gênesis 11:4 — “E disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus, e tornemos célebre o nosso nome…”
Tenho em casa uma reprodução da pintura “A Torre de Babel”, de Pieter Bruegel, o Velho. Às vezes, paro diante dela em silêncio. É uma obra que me fascina e, ao mesmo tempo, inquieta- me.
A torre se ergue majestosa, cercada por andaimes, homens e poeira. Há movimento, trabalho e esforço coletivo. Tudo parece grandioso, e, no entanto, há algo de trágico ali. A estrutura é imensa, mas parece prestes a ruir. É como se a própria torre revelasse o limite da força humana.
Enquanto contemplo essa pintura, não consigo evitar uma pergunta: quantas vezes estamos construindo algo parecido? Projetos pessoais, ministérios, sonhos, todos revestidos de boas intenções, mas que, no fundo, carregam um desejo sutil de autoafirmação, e não a glória de Deus como primazia. É possível estar “trabalhando para Deus”, e ainda assim, estar no íntimo, erguendo uma torre para o próprio nome.
A história de Babel é mais do que um relato antigo. É um espelho que reflete as ambições ocultas do coração humano. “Todo gênero humano, que dEle procede por geração ordinária, pecou nele e caiu com ele na sua primeira transgressão”, é a resposta à pergunta 16 do Breve Catecismo de Westminster. O povo dizia: “vamos construir juntos”, mas o motivo real era: “para que o nosso nome seja lembrado”, inverteram-se os valores e os princípios do Reino de Deus.
A torre era um símbolo de poder, de unidade e de grandeza, mas Deus viu o orgulho escondido por trás do projeto. Por isso, desceu e confundiu as línguas.
Essa “confusão divina” não foi apenas juízo; foi graça. Quando Deus interrompe o que fazemos por vaidade, Ele está nos libertando de nós mesmos. Ele dispersa o que é nosso, para restaurar o que é d’Ele.
Às vezes, os planos que não se cumprem, as portas que se fecham e os projetos que não avançam são a maneira de Deus dizer: Essa torre não é minha, volte ao altar! Deus sabe inclinar o coração dos eleitos ao que é Sagrado, fazendo-o ficar longe do que é profano.
Que o Senhor nos ensine a diferenciar entre o trabalho santo e a ambição disfarçada. Que nossas mãos levantem altares de adoração, e não torres de glória pessoal. Porque a verdadeira grandeza não está em subir até os céus, mas em se prostrar diante d’Aquele que desceu por nós.
“Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória.” — Salmo 115:1
Por: Sem. Ronelx Aguilar Villavicencio.



