Lucas 2.25–38
Conta-se que, numa aldeia remota, uma senhora de idade avançada subia todos os dias até o alto de uma colina para olhar o horizonte. Quando lhe perguntaram o que fazia ali, respondeu: “Estou esperando meu filho voltar da guerra. Talvez hoje seja o dia.”
O texto de Lucas 2.25–38 nos apresenta duas pessoas: um homem e uma mulher. Ele é descrito como justo e piedoso; ela, como uma adoradora notável. Ele se chamava Simeão; ela, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.
“O nome Ana, que significa Graça, já nos aponta para algo precioso: sua vida seria um testemunho vivo da bondade e da fidelidade de Deus”, afirma Anderson Rios.
A ambos, o Espírito Santo revelou o Cristo do Senhor. Simeão foi guiado pelo Espírito ao templo; Ana não deixava o templo, adorando noite e dia, enfrentando anos de luto e silêncio.
A vida de ambos está narrada em apenas 14 versículos do Evangelho de Lucas. Suas histórias não foram marcadas por grandes feitos aos olhos do mundo, mas por dois corações constantes na presença do Senhor. Eles não buscavam reconhecimento humano, nem viviam da glória do templo, da adoração ou do ministério.
Em meio à rotina do templo, entre orações silenciosas e jejuns discretos, aguardavam a redenção prometida, e foram contemplados com o privilégio de ver o Salvador. O Senhor levanta vozes que anunciam Cristo em meio ao silêncio e à dor, na adoração constante, em casa, no templo, no interior da nossa alma.
Como afirmou Francis Schaeffer: “Com Deus não há pessoas pequenas e não há lugares pequenos. O que importa é a fidelidade no lugar onde Ele nos colocou.”
Ana viveu essa verdade. Sua vida escondida em Deus se tornou um marco na história da salvação. A intimidade de ambos com Deus era fruto de disciplina espiritual, não de conveniência.
Tim Keller afirma: “Orar é entrar na presença de Deus e descansar na certeza de que Ele é tudo o que precisamos.” Nós também somos chamados a buscá-Lo. Estamos vivendo em constante adoração?
O coração que espera no Senhor não se frustra.
Simeão e Ana viram o Messias com seus próprios olhos e anunciaram com alegria aquilo que esperavam em oração. A fidelidade de Deus é sempre maior do que o tempo da nossa espera.
Assim é o coração que confia em Deus: espera com fé, mesmo que a resposta leve tempo. E, no meio de um dia comum, poderemos ver o Salvador caminhando pelas fornalhas superaquecidas da nossa alma ansiosa.
Mesmo que o tempo passe, mesmo que os anos se acumulem, mesmo que as forças se esgotem… o Deus de Simeão e da Ana continua a visitar os corações que O buscam.
Tal como aquela senhora idosa, que subia todos os dias a colina na esperança de ver seu filho voltar da guerra, também nós somos chamados a esperar com fé, não por alguém vindo do campo de batalha, mas por aquele que venceu a guerra definitiva contra o pecado e a morte.
Quem vive assim, com os olhos no horizonte da redenção, não espera em vão. Ana e Simeão nos lembram que o Salvador novamente virá, em esplendor e glória. Eles foram guiados pelo Espírito, confiando na promessa de que o Cristo viria; nós somos guiados pela Sagrada Palavra, que nos assegura que Ele voltará. E quando Ele vier, a alma que esperou por Ele reconhecerá Sua presença, e se alegrará. Talvez hoje seja o dia.
Pelo Seminarista: Ronelx Aguilar Villavicencio.



