O Que Realmente Importa?

Há apenas cinco anos, estávamos nos perguntando o que, afinal, era essencial. Em meio à pandemia, isolados em nossas casas, muitos de nós nos vimos sós, angustiados, com o espírito esmorecido e o coração perturbado, como confessou o salmista: “Dentro de mim esmorece o meu espírito; o coração, dentro de mim, se perturba” (Salmo 143.4). Afastados de entes queridos, às vezes definitivamente, experimentamos o luto, a saudade, e um novo tipo de silêncio. Esse tempo passou, mas parece ter deixado uma marca: um sutil e persistente egocentrismo, uma tendência a nos protegermos do outro e a nos cercar de distrações.

O capítulo 4 de Jonas nos confronta com um profeta que, mesmo após ver um grande avivamento, incomodou-se com a misericórdia de Deus. Jonas fez o que lhe foi ordenado, mas ainda não compreendia o coração da missão. Deus então usou uma planta, uma sombra momentânea de conforto, para mostrar que o valor de uma alma excede qualquer bem-estar pessoal. Jonas apegou-se ao conforto; Deus se importava com pessoas.

Essa lição permanece urgentemente atual. Recentemente, uma jornalista compartilhou relatos de conversas com pessoas de diferentes culturas e profissões ao redor do mundo. Em meio à diversidade, uma percepção comum se destacou: os vínculos afetivos são essenciais, mas cada vez mais negligenciados. Vivemos dias em que as estradas são longas e as visitas, curtas. Preferimos conexões digitais a encontros reais. Distraídos pelas coisas, deixamos as pessoas em segundo plano.

Na missão da Igreja, isso é grave. A proclamação do Evangelho é essencialmente relacional. Ela exige presença, escuta, empatia e convivência. Não basta anunciar uma mensagem, é preciso vivê-la entre as pessoas com verdade, graça e profundidade. Deus nos chama a nos importarmos mais com almas do que com sombras; mais com pessoas do que com rotinas confortáveis.

Cuidar do corpo e das tarefas do dia a dia é legítimo. Mas não podemos permitir que o mundo das “coisas” nos desvie do que é realmente essencial: amar, servir, perdoar, caminhar junto, testemunhar. Que a Igreja volte ao essencial: os encontros verdadeiros, o discipulado relacional, a presença intencional. Como Cristo fez, como os apóstolos viveram, como Jonas precisou aprender.

Jamais nos esqueçamos: o centro da missão é gente. E Deus, como em Nínive, deseja salvar os seus eleitos. Que Ele nos encontre não apenas proclamando, mas vivendo o Evangelho entre os que mais precisam.

Sem. MSc. Ronelx Aguilar Villavicencio.