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O Marido que Fracassou

Na escola da vida aprendemos de forma variada. Tudo quanto existe pode servir de instrumento pedagógico para transmitir lição. Todos têm algo a ensinar. O ensino pode acontecer tanto de forma positiva quanto de forma negativa.

Na primeira forma somos ensinados sobre o que fazer, como fazer e porque fazer. Já na segunda forma aprendemos sobre o que não fazer, como não fazer e porque não fazer. Aprendemos positivamente, assim como negativamente, simples assim.

Hoje, compartilho o exemplo nefasto do patriarca Abrão, o qual mostra de forma contundente, como não proceder. Abrão é exemplo a ser imitado em muitas coisas, mas como marido fracassou vergonhosamente. Seu fracasso foi cômico, para não dizer trágico. Algumas lições sobre o marido que fracassou (Gn 12. 10-20):

Primeiro, ele fracassou porque foi medroso (Gn 12. 11-16). A passagem que é foco da nossa reflexão fala de um tipo de crise que o casal da aliança enfrentou. Um tipo de crise que não tinha como prever nem controlar. Trata-se de uma crise climática. A seca assolava a terra. Uma grande fome imperava naquela terra. Era algo intenso.

Diante disso, o casal fez uma escolha, descer para o Egito. O texto santo não diz que o casal estava proibido de descer para o Egito, mas também não recebe nenhuma autorização para seguir nesta direção. Porém, ao aproximar do Egito, o patriarca tem medo do que possa acontecer com a sua vida. E, com isso, o medo cria situações hipotéticas: “se agir com a verdade, eu morrerei; mas, se agir com a mentira, eu continuarei a viver” (Gn 12. 11-13).

Assim, o seu medo levanta duas hipóteses, com dois possíveis desdobramentos. Primeira hipótese, diz o marido à sua esposa: “Você é linda. Logo se souberem que é minha esposa, então serei morto”. Segunda hipótese, diz ainda o marido à sua esposa: “Você é linda. Logo, se concluírem que você é minha irmã, então serei poupado e serei tratado com consideração”.

A hipótese foi confirmada com o resultado previsto. Sarai foi mesmo reconhecida como uma linda mulher. A mentira anuída surtiu o efeito desejado, pois induziu os egípcios, assim como Faraó, a dispensar um trato diferenciado, porque “[…] por causa dela, tratou bem a Abrão […]” (Gn 12. 16). O patriarca foi mesmo tratado com consideração singular.

Contudo, como marido Abrão fracassou porque não protegeu sua esposa. Sua esposa foi levada para o harém de Faraó. Foi exposta porque o seu marido se portou como um homem covarde e um marido medroso. Para proteger a si mesmo faltou com a verdade, mentiu de forma descabida. Para não morrer entregou sua esposa a mercê de sua própria sorte. Foi um covarde. Foi um marido medroso.

Segundo, ele fracassou porque foi egoísta (Gn 12. 13-16). Quando a coisa degringola de vez, temos uma evidência de que algo não vai bem. Uma crise puxa outra. A crise circunstancial gerou uma crise moral. A segunda não é assintomática. Ela não é uma crise isolada.

A crise moral é sempre um sinal da crise espiritual. O medo produz mentira. A mentira nega valores morais. Tudo isso é resultado de algo espiritual. Abrão tinha uma tese. Porém, como marido titubeou na fé porque ignorou a terceira hipótese. Não foi considerada a possibilidade viável, aquela que envolvia a verdade, porque Abrão se comportou como um marido egoísta. Logo, não teremos como saber como seria a “terceira hipótese”, pois nem ao menos foi cogitada. Ela também seria um teste da fé em terra estranha.

Sendo assim, o marido falhou vergonhosamente. A esposa também tem sua culpa, mas a culpa é acentuada para o marido. Ele foi chamado para liderar e proteger sua esposa. Quando mentiu não liderou de modo ético nem protegeu com a vida. Sua liderança foi desastrosa, fraca e oscilante. Nem honrou a sua esposa nem a protegeu. Foi um vexame.

O que acontece aqui é uma sinalização do fraquejar da fé. A falta de fé se manifesta por diversos equívocos. A falta de fé se manifesta pela mentira, pelo medo, pelo egoísmo e pela falta de confiança. Deus havia chamado Abrão. Deus o tirou do paganismo. Deus o libertou da escravidão de ídolos. Deus fez a ele gloriosas promessas.

Agora, entretanto, o patriarca teme que possa morrer. Sua decisão é uma clara demonstração de falta de confiança. Sua escolha pela mentira mostra que não considerou o caráter imutável, fiel, eterno e poderoso do Senhor da aliança e da promessa.

Por causa do pecado conhecido como egoísmo, o patriarca pensa apenas em si próprio. Ele diz: “Dize, pois, que és minha irmã, para que me considerem por amor de ti e, por tua causa, me conservem a vida” (Gn 12. 13). Foi egoísta porque amou a si mesmo, ao invés de ter amado sua esposa como Cristo amou a igreja.

É, ou não é, uma demonstração factível de egoísmo? Em vez de proteger a esposa, ele pensa na sua proteção. Em vez de assumir os riscos, ele compromete o seu casamento. Em vez de morrer se preciso for, ele prefere salvar a sua vida, em detrimento da honra da sua esposa.

A semelhança de Cristo, o homem foi criado para liderar, proteger e prover para sua esposa. De sorte, que o marido cristão deve imitar o Senhor Jesus Cristo, sendo capaz de amar a sua esposa sacrificialmente, a ponto de morrer por ela se preciso for. Marido, se não quer fracassar, então olhe para o seu redentor. Mire no Senhor Jesus para que seja bem-sucedido na missão de marido.

Marido, o Senhor Jesus jamais compromete a honra da sua relação com a igreja. Ela é a sua noiva amada. Mesmo marcada pelas rugas do pecado, Cristo não deixa a sua noiva a mercê da sua própria sorte. Cristo vela pela igreja, logo você deve velar por sua esposa.

Marido, mesmo quando Cristo teve que enfrentar a morte, Jesus não se esquivou, antes, pelo contrário, ele se entregou para salvar a igreja. Ele não faz como um marido covarde, medroso e egoísta. Ele morreu pela igreja para salvá-la e protegê-la.

Portanto, marido, lembre-se que Cristo protege a igreja, logo você deve proteger sua esposa. Cristo jamais deixa a sua igreja em situação de vulnerabilidade, nem a expõe ao ridículo. Que o Senhor Jesus te ajude para que, como marido, não sejas um fracasso.

Por: Rev. Fabio Henrique de Jesus Caetano

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